Indigenismo

No artigo de hoje falaremos sobre Indigenismo, tema que tem se tornado cada vez mais relevante nos últimos anos. Indigenismo tornou-se um ponto de interesse para muitas pessoas, seja pelo seu impacto na sociedade, pela sua relevância histórica ou pela sua influência na cultura popular. Ao longo deste artigo iremos explorar diferentes aspectos relacionados com Indigenismo, desde a sua origem e evolução, até à sua projeção atual e futura. Descobriremos sua importância na vida das pessoas e como ela vem estabelecendo padrões em diversas áreas. Sem dúvida, Indigenismo é um tema que gera grande interesse e com o qual podemos aprender muito.

O indigenismo é uma ideologia política, cultural e antropológica voltada para o estudo e a valorização das culturas indígenas e o questionamento dos mecanismos de discriminação e etnocentrismo em detrimento dos povos indígenas. Indigenismo pode se referir à busca por uma maior inclusão social e política dos povos indígenas, seja por meio de reformas em nível nacional ou alianças regionais. Em qualquer caso, o indigenismo busca reivindicar as diferenças culturais e linguísticas indígenas, fazer valer os direitos indígenas e buscar o reconhecimento e, em alguns casos, a compensação por ações ocorridas em estados coloniais e republicanos. Ao contrário do hispanismo, que inclui culturas indígenas como parte da cultura hispânica, o indigenismo não reconhece o hispanismo de forma alguma e até rejeita a miscigenação. Como resultado dessa concepção, surgiram correntes extremistas como o etnocacerismo, que reivindica uma luta racial.

História

Como antecedente do pensamento indigenista pode ser encontrado o testamento da Rainha Isabel a Católica, ditado no curso das explorações espanholas na América, que em 1504 ordenou:

“Não permita que os índios, vizinhos e habitantes das Índias e da Tierra Firme, ganhas e a serem ganhas, recebam qualquer dano à sua gente ou propriedade, ao contrário que sejam bem e justamente tratados”

Em 1511, António de Montesinos preocupou-se em defender os índios contra os abusos e excessos cometidos:

“Estes não são homens? Com eles, os preceitos da caridade e da justiça não deveriam ser mantidos e cumpridos? Eles não tinham suas próprias terras e seus senhores e senhores? Eles nos ofenderam em alguma coisa? Não somos obrigados a pregar a lei de Cristo e trabalhar com toda diligência para convertê-los? ... Todos vocês estão em pecado mortal, e nele vivem e morrem, por causa da crueldade e tirania que usam com essas pessoas inocentes”

Diante dos abusos cometidos, em 1512, seriam lançadas as Leis de Burgos, onde ficaria estabelecido que os índios eram homens livres e legítimos donos de suas casas e propriedades, ficou estabelecido que os índios poderiam ser obrigados a trabalhar enquanto o trabalho fosse tolerável e o justo salário foi pago, e a guerra de conquista seria justificada se os índios se recusassem a ser cristianizados ou evangelizados.

Depois que a lei foi aprovada, Bartolomé de las Casas escreveria Brevíssima Relação da Destruição das Índias Ocidentais, onde denunciava os maus-tratos à população indígena, exagerando deliberadamente o número de mortes e idealizando os índios.

Em 1542, seriam proclamadas as Leis Novas, nas quais era assegurado o bom trato aos índios, a eliminação da escravidão dos índios e era providenciado que as encomiendas deixassem de ser hereditárias. As encomiendas, que era um sistema em que os indígenas eram colocados sob a proteção de um espanhol para promover a assimilação cultural e a conversão ao cristianismo, mas que resultava em exploração e trabalho forçado, aos poucos foram desaparecendo.

As Leis de Burgos e as Novas Leis integrariam as Leis das Índias.

No entanto, grupos indígenas, nos primeiros anos da conquista, rebelaram-se contra os espanhóis e seus aliados indígenas. Em 1536 começaria a rebelião de Manco Inca, que fundaria a linha dinástica dos Incas de Vilcabamba. Em 1541, a Guerra do Mixtón ocorreria no norte do México, durante a qual as tribos chichimecas se levantaram contra os espanhóis e os aliados indígenas.

Outro movimento significativo surgiria na década de 1560 com o movimento milenar do Taqui Ongo, uma seita religiosa que anunciou um evento cósmico e exortou os indígenas a voltarem ao culto das huacas destruídas pelos missionários cristãos.

Na década de 1940, surgiu a ideia do sistema de castas pelo qual o Império Espanhol teria classificado as pessoas de acordo com sua raça. Este conceito tem sido altamente questionado devido à massiva miscigenação que ocorreu desde o início do domínio espanhol na América.

Devido às reformas promovidas pelos Bourbons, nas últimas décadas do século XVIII, por meio das quais o poder espanhol foi centralizado e a arrecadação de impostos aumentou, estouraria a rebelião de Túpac Amaru II, que liderou o maior movimento indígena e de independência no Vice-Reino do Peru. Foi o primeiro a pedir a liberdade de toda a América espanhola de qualquer dependência, tanto da Espanha como de seu monarca, implicando não só a mera separação política, mas a eliminação da mita mineira, a distribuição de bens, alcabalas, etc (14 de novembro de 1780). Além disso, ele decretou a abolição da escravidão negra pela primeira vez na própria América Latina (16 de novembro de 1780).

Entre 1810 e 1814 as Cortes de Cádiz seriam desenvolvidas na Espanha, neste tribunal seria ditada a proibição das autoridades civis, militares e eclesiásticas para vexar os índios em sua pessoa e em suas propriedades, a abolição do tributo indígena e questões sobre o liberdade individual dos indígenas.

Após as guerras de independência da América Latina, os novos países passaram a ser influenciados pelas ideias do racismo científico, que se desenvolveu no século XIX, o que resultou em graves abusos contra os povos indígenas com o objetivo de aproveitar suas terras como aconteceu com a Conquista do Deserto (Argentina), Ocupação da Araucanía (Chile) e o Ciclo da borracha (Peru - Brasil). Outra ideia de alto impacto seria o mito do bom selvagem.

Conceitos

  • Política realizada pelos estados americanos para atender e resolver os problemas que confrontam as populações indígenas, com o objetivo de integrá-las à nacionalidade correspondente. (Alejandro Marroquín, 1972).
  • Uma formulação política e uma corrente ideológica, ambas fundamentais para muitos países da América, em termos de sua viabilidade como nações modernas, de realização de seus projetos nacionais e da definição de suas identidades. (Instituto Indigenista Interamericano, 1991, p. 63).
  • Corrente de pensamento e ideias organizadas, desenvolvidas em torno da imagem do índio. Se apresenta como uma interrogação da indianidade por parte dos “não-índios” em função de preocupações e finalidades próprias deles próprios”. (FAVRE,1976: 72 e historiadores).
  • Não é senão uma resposta do sistema a uma pergunta dos brancos: por que os países pluriétnicos estão atrasados? Encobre então, uma hipótese: o indígena é um freio ao desenvolvimento. Em vez de questionar a sociedade global e seu modelo de desenvolvimento, deprecia a cultura indígena" (AUBRY, 1982, p. 15).

“Há uma questão pendente que tem suma importância para o indigenismo e tem sido objeto de discussão há muitos anos e em especial desde a fundação do Instituto Indigenista Interamericano, mas que até a data presente não pode ser satisfatoriamente resolvida. Essa questão implica três perguntas que parecem fácil de responder, mas que não são em realidade: quantos, quem e como são os habitantes da América que devem ser propriamente conceituados como indígenas?” (GAMIO, 1966, p. 175-176, primeiro diretor do Instituto Indigenista Interamericano).

Ver também

Referências

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Ligações externas